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segunda-feira, 14 de julho de 2008

O que eu adoro em ti Não é sua beleza A beleza é em nós que existe

A beleza é um conceito E a beleza é triste Não é triste em si Mas pelo que há nela De fragilidade
e incerteza O que eu adoro em ti Não é a tua inteligência Mas é o espírito
sutil Tão ágil e tão luminoso Ave solta no céu

matinal da montanha Nem é tua
ciência Do coração dos homens e das coisas
O que eu adoro em ti Não é a tua
graça musical Sucessiva e renovada a cada momento

Graça aérea como teu próprio
momento Graça que perturba e que satisfaz
O que eu adoro em ti Não é a mãe que
já perdi E nem meu pai
O que eu adoro em tua natureza Não é o profundo instinto
matinal Em teu flanco aberto como uma ferida Nem a tua pureza.

Nem a tua impureza O que adoro em ti lastima-me e consola-me
O que eu adoro em ti é
A VIDA!
-Manuel Bandeira


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